Ameaçado, Projeto Portinari pede socorro Ler resumo da notícia

O Projeto Portinari, que assumiu a tarefa de impedir que se perdesse a memória de um dos maiores pintores do país, Candido Portinari,Caça-níqueis de vídeo game,Jackpot progressivo, está ameaçado e pode fechar as portas. Sem recursos e diante do corte de verbas de patrocinadores,Melhores caça-níqueis eletrônicosCaça-níqueis com bônus, a entidade que ultrapassou alguns dos períodos mais difíceis da economia nacional agora corre o risco de ter de encerrar suas atividades.

Segundo João Candido Portinari, filho do artista e responsável pelo projeto, a ameaça é "iminente". "Não conseguimos pagar o 13º salário para nosso pessoal, que este mês só recebeu metade dos seus salários", disse. "Não temos como pagar o mês que vem. É emergência mesmo", lamentou.

Os problemas começaram quando, de forma inesperada, duas empresas que patrocinavam o projeto, a Vale e a Ennauta, encerraram seus contratos de patrocínio. O objetivo mais imediato do projeto é o de não perder a equipe. Mesmo se inscrevendo para editais como os do BNDES e da Ambev, uma eventual aprovação só resultará em recursos no final do ano.

Encerrar o projeto, porém, terá um impacto profundo para a própria história da arte brasileira do século 20. Foi a iniciativa que fez o levantamento de mais de 5.300 obras e 30 mil documentos relacionados com o pintor, além de localizar, documentar, pesquisar, catalogar e colocar à disposição do público de forma gratuita o trabalho do artista brasileiro.

Para isto, a equipe percorreu ao longo de anos todo o território brasileiro, e mais de 20 países nas Américas, Europa e Oriente Médio.

Em 1966 após uma década vivendo no exterior, João Candido Portinari voltou ao Brasil para ajudar a fundar o Departamento de Matemática da PUC-RJ, tendo sido seu primeiro diretor. Mas se deparou com a constatação de que o legado de seu pai começava a ser esquecido menos de 20 anos depois de sua morte.

Em 1979, ele fundou o Projeto Portinari e, no ano seguinte, a PUC-RJ proveu uma sede em seu campus para a iniciativa. Naquele momento, mais de 95% da obra estava fora do acesso público e não se conhecia o paradeiro da maioria das telas de Portinari. O filho sempre lembra como constatou, pessoalmente, que o Museu de Arte Moderna de Nova York possuía mais informações sobre seu pai do que todas as instituições brasileiras reunidas.

João Cândido Portinari, filho de Candido Portinari, visita telas do pai na sede da ONU em Nova York
João Cândido Portinari, filho de Candido Portinari, visita telas do pai na sede da ONU em Nova York Imagem: Jamil Chade / Colunista do UOL

Em 1997, o projeto realizou a primeira retrospectiva da Obra de Portinari, no Masp, em São Paulo, onde foram exibidas obras antes nunca vistas, como o famoso "Baile na Roça" (1924). Foi o projeto que publicou o Catálogo Raisonné "Candido Portinari - Obra Completa", o primeiro em toda a América Latina.

Em 25 anos de trabalho, o catálogo de mais de 5.000 páginas foi entregue ao público, no Brasil e no exterior, recebendo inúmeros prêmios, inclusive o Jabuti.

A publicação foi adotada pelo Palácio do Planalto como um "Presente de Estado", sendo oferecida pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ao papa Bento 16, à rainha da Inglaterra, aos presidentes da França Jacques Chirac e François Hollande, ao governo do Japão e à então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, entre outros.

A criação do projeto foi amplamente celebrada por resgatar o trabalho do pintor, e atua por democratizar o acesso para todos. "Trabalham discretamente os executantes do Projeto [Portinari], mas deve cercá-los a confiança e o carinho dos que acreditam no Brasil de amanhã nascendo das mãos e do espírito dos brasileiros de hoje", escreveu Carlos Drummond de Andrade no Jornal do Brasil, em 3 de abril de 1982.

Jorge Amado, em agosto de 1983, destacou como o Projeto Portinari era "pioneiro no Brasil, de importância fundamental para a conservação de nossa memória artística". "Candido Portinari foi um dos momentos mais altos de nossa criação, é um dos símbolos do nosso povo cuja grandeza e cuja miséria ele imortalizou", disse. "João Candido, seu filho, complementa a obra do pai glorioso com o magnífico trabalho que sobre ele realiza com paciência, talento, conhecimento e amor", destacou.

Por 4 décadas, o projeto ainda organizou exposições, publicações, seminários e palestras no Brasil e no exterior. Hoje, sua missão principal é a de levar o legado artístico, ético e humanista de Portinari às crianças e jovens, principalmente em regiões menos favorecidas. "Portinari nas Quebradas", por exemplo, já passou pelo Complexo do Alemão, da Maré, da Cidade de Deus, da Rocinha e Madureira.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.

© 2024 dreamywoodland.com All rights reserved. sitemap